A grande descoberta de Champollion, e que foi a chave para a decifração dos hieróglifos, foi a de que os egípcios escreviam com alguns sinais que funcionavam como fonogramas e outros que funcionavam como ideogramas.
Ou seja: alguns sinais representavam sons (como as nossas letras do alfabeto); outros que representavam idéias.
Tome-se o nome de Anúbis:
O sinal
representa o som i (na verdade, uma semi-vogal, com o som próximo ao i);
representa n
representa p
representa w
Já
não representa qualquer som. Este tipo de sinal se chama DETERMINATIVO: é um ideograma que revela o grupo ao qual à palavra pertence.
Assim, se sabemos que
é o determinativo para árvores, já temos uma idéia de que a palavra
é uma árvore (trata-se da palavra figueira).
Este sinal acima é um determinativo para vários nomes de deus. Assim, Ptah, Osíris e Temu são nomes de deus - e, por isso, todos tem, ao final, o determinativo específico para deus.
Esta ideia de determinativo é muito útil para identificarmos várias palavras no egípcio antigo.
Você não conhece o significado das palavras abaixo. Mas, analisando com cuidado os determinativos (os ideogramas que aparecem ao final da maioria das palavras egípcias), você poderia dizer qual o significado destas palavras?
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sexta-feira, 7 de junho de 2019
sábado, 12 de maio de 2018
Aula 4 - A disposição dos sinais
Os escribas não colocavam os sinais aleatoriamente dentro de um texto. Para decidir de que forma os sinais deveriam ser agrupados, a preocupação deveria ser estética. Em qualquer texto, você poderá perceber que os egípcios buscavam a harmonia na disposição dos sinais.
Ao buscar escrever “Eu fiz a minha tumba com a bênção do Rei”, os escribas não escreviam
Mas, sim, procuravam organizar os sinais de forma que a frase formasse um conjunto harmônico. Desta maneira, a mesma frase, escrita por um escriba, apareceria assim:
Diante de uma palavra, ou de uma frase, os escribas se esforçavam para agrupar os sinais em conjunto, adequando as suas proporções. Buscava-se organizar o texto de forma que cada conjunto ficasse contido em um quadrado imaginário, cujas faces corresponderiam aos sinais maiores e mais longos.
Veja alguns exemplos:
Agora, alguns exercícios para você treinar.
Os sinais seguintes estão colocados lado a lado. Claramente, não seria assim que um escriba escreveria. Reescreva as frases abaixo, reagrupando os sinais de forma harmônica, à maneira egípcia.
a) “Adorar Amon na escadaria”
b) “Oferendas dadas pelo rei a Osíris Khemtimentu, grande deus”
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Até a próxima aula!
Ao buscar escrever “Eu fiz a minha tumba com a bênção do Rei”, os escribas não escreviam
Mas, sim, procuravam organizar os sinais de forma que a frase formasse um conjunto harmônico. Desta maneira, a mesma frase, escrita por um escriba, apareceria assim:
Diante de uma palavra, ou de uma frase, os escribas se esforçavam para agrupar os sinais em conjunto, adequando as suas proporções. Buscava-se organizar o texto de forma que cada conjunto ficasse contido em um quadrado imaginário, cujas faces corresponderiam aos sinais maiores e mais longos.
Veja alguns exemplos:
Agora, alguns exercícios para você treinar.
Os sinais seguintes estão colocados lado a lado. Claramente, não seria assim que um escriba escreveria. Reescreva as frases abaixo, reagrupando os sinais de forma harmônica, à maneira egípcia.
a) “Adorar Amon na escadaria”
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quarta-feira, 25 de abril de 2018
Aula 3 - A direção da leitura
A escrita egípcia é composta de sinais figurativos.
Ela pode ser escrita em linhas ou em colunas, tanto da direita para a esquerda quanto da esquerda para a direita (embora sempre seja lida de cima para baixo).
Descobrir em qual direção um determinado texto foi escrito é relativamente simples. Basta estudar os sinais que aparecem no texto. As figuras humanas e de animais – e mesmo os objetos – estarão sempre voltados para o início do texto.
-->Observe que, no texto acima, as pessoas e os animais estão voltados para a direita. Portanto, esta frase deve ser lida da direita para a esquerda.
Lembre-se da regra de ouro: os hieróglifos estão sempre voltados para o início do texto.
Observe a imagem abaixo, bastante famosa, que mostra a rainha Nefertari diante de um tabuleiro de Senet.
Os hieróglifos deste texto devem ser lidos em qual direção?
Os hieróglifos dos pássaros e das pessoas sentadas são o sinal mais fácil que indicam que o texto começa à direita (afinal, estão todos voltados para a direita).
Repare que também a rainha Nefertari está voltada para a direita. A sua imagem é representada como um hieróglifo: era regra geral da escrita egípcia que as pessoas e deuses que os textos faziam referência acompanhassem a orientação dos demais hieróglifos.
Portanto, o texto deve ser lido da direita para a esquerda.
Observe, agora, a seguinte imagem. Quantos textos podem ser vistos nesta imagem? Qual a direção em que cada um deve ser lido?
Se você tiver dúvidas em resolver este pequeno desafio, mande um alô.
Na próxima aula: organizando os hieróglifos de maneira harmônica.
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Abraços,
Antonio.
Ela pode ser escrita em linhas ou em colunas, tanto da direita para a esquerda quanto da esquerda para a direita (embora sempre seja lida de cima para baixo).
Descobrir em qual direção um determinado texto foi escrito é relativamente simples. Basta estudar os sinais que aparecem no texto. As figuras humanas e de animais – e mesmo os objetos – estarão sempre voltados para o início do texto.
-->Observe que, no texto acima, as pessoas e os animais estão voltados para a direita. Portanto, esta frase deve ser lida da direita para a esquerda.
Lembre-se da regra de ouro: os hieróglifos estão sempre voltados para o início do texto.
Observe a imagem abaixo, bastante famosa, que mostra a rainha Nefertari diante de um tabuleiro de Senet.
Os hieróglifos deste texto devem ser lidos em qual direção?
Os hieróglifos dos pássaros e das pessoas sentadas são o sinal mais fácil que indicam que o texto começa à direita (afinal, estão todos voltados para a direita).
Repare que também a rainha Nefertari está voltada para a direita. A sua imagem é representada como um hieróglifo: era regra geral da escrita egípcia que as pessoas e deuses que os textos faziam referência acompanhassem a orientação dos demais hieróglifos.
Portanto, o texto deve ser lido da direita para a esquerda.
Observe, agora, a seguinte imagem. Quantos textos podem ser vistos nesta imagem? Qual a direção em que cada um deve ser lido?
Se você tiver dúvidas em resolver este pequeno desafio, mande um alô.
Na próxima aula: organizando os hieróglifos de maneira harmônica.
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quinta-feira, 15 de março de 2018
Aula 2: A decifração dos hieróglifos
O último texto hieroglífico conhecido é o que aparece na foto abaixo.
Trata-se de um pequeno trecho, escrito em hieróglifos pouco trabalhados, com uma oração em homenagem a um deus. O texto nos informa a data (24 de agosto de 394d.C.) e o autor (o escriba Esmet-Aakhom) deste que é conhecido, atualmente, como o "último" texto hieroglífico.
Gradualmente abandonados, é provável que já no século V d.C. não existissem mais pessoas que soubessem ler os antigos hieróglifos egípcios. A antiga religião pagã egípcia havia sido proibida e substituída pelo cristianismo (e, posteriormente, a região se tornaria islâmica).
Com o desaparecimento deste conhecimento, os textos e a história egípcia foram colocadas sob um véu. Durante cerca de 1300 anos, os textos egípcios, sua história e seu significado permaneceram um mistério.
Neste período, houve várias tentativas de decifração. No século V, por exemplo, Horapolo publica seu Hieroglyphica, uma explicação de quase 200 símbolos que, porém, não tinham qualquer relação com a realidade. As teorias sobre o significado dos símbolos que apareciam nos templos egípcios variava: de simples ornamentação (havia aqueles que diziam que os hieróglifos não significam nada) a uma língua em que os desenhos representavam exatamente o que pareciam - criando traduções absurdas e fantasiosas.
Em 1799, com a descoberta da Pedra de Roseta pelas tropas de Napoleão, uma nova busca pela decifração começava.
Esta estela, criada no governo de Ptolomeu V, anuncia a revogação de impostos, e ordenava a criação de estátuas para os templos. O importante, porém, não estava propriamente no conteúdo do texto. Mas no fato de que o mesmo decreto havia sido escrito em hieróglifos, em demótico e em grego. Pela primeira vez os estudiosos tinham, à sua disposição, um texto egípcio em que o significado poderia ser conhecido (afinal, o grego é, ainda hoje, uma língua viva).
Foi o pesquisador francês Jean-François Champollion quem, finalmente, conseguiu quebrar o código dos hieróglifos, ao descobrir que alguns sinais egípcios poderiam representam palavras inteiras (eram os ideogramas) enquanto outros - a sua maioria, na verdade - representavam sons.
Champollion tinha uma vantagem extra na sua busca pela decifração dos hieróglifos: ele era um estudioso do copta - uma língua que ele acreditava ser (e hoje sabemos ser verdade) herdeira direta do antigo egípcio.
Costuma-se colocar 1820 como a data de início a "egiptologia" (o estudo do Antigo Egito), por ser este o momento em que, finalmente, os textos egípcios puderam ser lidos e entendidos. Depois de 1300 anos, finalmente, a língua egípcia - e, com isso, aspectos essenciais e de sua cultura e sua história - estava à disposição dos estudiosos.
A seguir partiremos para o estudos dos hieróglifos. Na próxima aula: A direção de leitura dos hieróglifos egípcios.
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Antonio.
Trata-se de um pequeno trecho, escrito em hieróglifos pouco trabalhados, com uma oração em homenagem a um deus. O texto nos informa a data (24 de agosto de 394d.C.) e o autor (o escriba Esmet-Aakhom) deste que é conhecido, atualmente, como o "último" texto hieroglífico.
Gradualmente abandonados, é provável que já no século V d.C. não existissem mais pessoas que soubessem ler os antigos hieróglifos egípcios. A antiga religião pagã egípcia havia sido proibida e substituída pelo cristianismo (e, posteriormente, a região se tornaria islâmica).
Com o desaparecimento deste conhecimento, os textos e a história egípcia foram colocadas sob um véu. Durante cerca de 1300 anos, os textos egípcios, sua história e seu significado permaneceram um mistério.
Neste período, houve várias tentativas de decifração. No século V, por exemplo, Horapolo publica seu Hieroglyphica, uma explicação de quase 200 símbolos que, porém, não tinham qualquer relação com a realidade. As teorias sobre o significado dos símbolos que apareciam nos templos egípcios variava: de simples ornamentação (havia aqueles que diziam que os hieróglifos não significam nada) a uma língua em que os desenhos representavam exatamente o que pareciam - criando traduções absurdas e fantasiosas.
Em 1799, com a descoberta da Pedra de Roseta pelas tropas de Napoleão, uma nova busca pela decifração começava.
Esta estela, criada no governo de Ptolomeu V, anuncia a revogação de impostos, e ordenava a criação de estátuas para os templos. O importante, porém, não estava propriamente no conteúdo do texto. Mas no fato de que o mesmo decreto havia sido escrito em hieróglifos, em demótico e em grego. Pela primeira vez os estudiosos tinham, à sua disposição, um texto egípcio em que o significado poderia ser conhecido (afinal, o grego é, ainda hoje, uma língua viva).
Foi o pesquisador francês Jean-François Champollion quem, finalmente, conseguiu quebrar o código dos hieróglifos, ao descobrir que alguns sinais egípcios poderiam representam palavras inteiras (eram os ideogramas) enquanto outros - a sua maioria, na verdade - representavam sons.
Champollion tinha uma vantagem extra na sua busca pela decifração dos hieróglifos: ele era um estudioso do copta - uma língua que ele acreditava ser (e hoje sabemos ser verdade) herdeira direta do antigo egípcio.
Costuma-se colocar 1820 como a data de início a "egiptologia" (o estudo do Antigo Egito), por ser este o momento em que, finalmente, os textos egípcios puderam ser lidos e entendidos. Depois de 1300 anos, finalmente, a língua egípcia - e, com isso, aspectos essenciais e de sua cultura e sua história - estava à disposição dos estudiosos.
A seguir partiremos para o estudos dos hieróglifos. Na próxima aula: A direção de leitura dos hieróglifos egípcios.
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quinta-feira, 1 de março de 2018
Curso de Hieróglifos Egípcios - Aula 1
Acho que chegou a hora de iniciarmos um pequeno curso de introdução à leitura e escrita de hieróglifos egípcios. O objetivo aqui é dar as primeiras noções do que são os hieróglifos e de como são lidos e escritos. E, claro, apresentar uma série de treinos para que você mesmo possa praticar a sua habilidade de leitura e de escrita.
Além disso, é importante tentar preencher uma lacuna: não há, em língua portuguesa, materiais de qualidade que ensinam a leitura e a escrita da antiga língua egípcia.
Como essas aulas ficarão na internet por séculos e séculos vindouros, procurarei ser didático. Além disso, iremos passo a passo, devagarinho. Baby steps. Não terei condições de atuar como tutor e apenas eventualmente poderei dar uma assistência.
Na aula de hoje: O que são hieróglifos egípcios?A resposta mais simples para esta questão - hieróglifos são a escrita dos antigos egípcios - não é, porém, totalmente correta.
Os egípcios foram um dos primeiros povos, em conjunto com os sumérios, a desenvolver um sistema de escrita. E este sistema partiu de pictogramas, ou seja, de imagens que significavam objetos. O desenho de um pássaro significando a palavra "pássaro".
Gradualmente, este sistema passou a se mostrar insuficiente. Era necessário desenvolver novos sinais para que ideias mais complexas pudessem ser transmitidas. Como escrever, por exemplo: "o rei capturou 6 mil inimigos"?
Esta é a chamada Paleta de Narmer.
Trata-se de um documento histórico interessante. Mostra, de um lado o rei (que se acredita chamar "Narmer", pelos sinais na parte superior) matando um inimigo e, de outro, em uma procissão, provavelmente comemorando sua vitória na guerra.
Note que, de um lado, Narmer utiliza a Coroa branca (do Alto Egito); e do outro lado da paleta, a coroa vermelha (do Baixo Egito). Por isso, acredita-se que ele tenha sido o responsável pela unificação do antigo Egito.
Mas, para nosso curso, vamos prestar atenção a uma imagem em particular:
Esta imagem mostra uma evolução dos sinais egípcios, em direção a um sistema de escrita completo.
O que ela significa?
- O pássaro, o falcão, é um símbolo da realeza. Aqui, portanto, ele representa Narmer;
- Pode-se notar a cabeça de um homem. Ele está sendo seguro pelo nariz. Não é muito difícil concluir que se trata de uma pessoa subjugada. No caso, de um prisioneiro.
Podemos descobrir a primeira informação: o rei tem um prisioneiro.
- Agora, note as imagens que saem das costas do prisioneiro. Elas são a representação de uma planta que, durante toda a história egípcia, teve o significado do número mil.
A informação, agora, está completa: o rei capturou 6 mil inimigos.
Gradualmente, a escrita hieróglifica foi evoluindo. No chamado Antigo Império, muitos dos elementos da escrita pictográfica ainda permaneciam.
Foi no Médio Império que a escrita hieroglífica atingiu o seu auge. Por isso, é chamado de "egípcio clássico" pelos historiadores. É o momento em que a língua egípcia e escrita hieroglífica alcançaram o apogeu, com textos em diversas áreas do conhecimento.
A partir do Novo Império, a língua egípcia mudou. E, com ela, sua escrita. Aparece o hierático, um sistema de escrita adaptado à esta nova língua egípcia.
Ou seja, a partir do Novo Império, os hieróglifos não representam mais a língua egípcia. Porém, foram mantidos, como respeito à tradição. E seu uso era reservado a templos e descrições de fatos da realeza.
Mas as mudanças da língua e da escrita egípcia não pararam por aí. Ao hierático seguiu-se o demótico - também uma nova escrita associada a uma nova língua. E, já na fase final da história do antigo Egito, aparece o Copta - uma língua derivada do antigo egípcio, mas escrita com caracteres gregos (aliás, é uma língua ainda falada em rituais litúrgicos da Igreja Cristã Copta).
A escrita utilizada pelos egípcios é tradicionalmente assim esquematizada:
O tema da próxima aula será: a decifração dos hieróglifos.
Até lá.
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Antonio.
Além disso, é importante tentar preencher uma lacuna: não há, em língua portuguesa, materiais de qualidade que ensinam a leitura e a escrita da antiga língua egípcia.
Como essas aulas ficarão na internet por séculos e séculos vindouros, procurarei ser didático. Além disso, iremos passo a passo, devagarinho. Baby steps. Não terei condições de atuar como tutor e apenas eventualmente poderei dar uma assistência.
Na aula de hoje: O que são hieróglifos egípcios?A resposta mais simples para esta questão - hieróglifos são a escrita dos antigos egípcios - não é, porém, totalmente correta.
Os egípcios foram um dos primeiros povos, em conjunto com os sumérios, a desenvolver um sistema de escrita. E este sistema partiu de pictogramas, ou seja, de imagens que significavam objetos. O desenho de um pássaro significando a palavra "pássaro".
Gradualmente, este sistema passou a se mostrar insuficiente. Era necessário desenvolver novos sinais para que ideias mais complexas pudessem ser transmitidas. Como escrever, por exemplo: "o rei capturou 6 mil inimigos"?
Esta é a chamada Paleta de Narmer.
Clique aqui para uma imagem maior da paleta.
Trata-se de um documento histórico interessante. Mostra, de um lado o rei (que se acredita chamar "Narmer", pelos sinais na parte superior) matando um inimigo e, de outro, em uma procissão, provavelmente comemorando sua vitória na guerra.
Note que, de um lado, Narmer utiliza a Coroa branca (do Alto Egito); e do outro lado da paleta, a coroa vermelha (do Baixo Egito). Por isso, acredita-se que ele tenha sido o responsável pela unificação do antigo Egito.
Mas, para nosso curso, vamos prestar atenção a uma imagem em particular:
Esta imagem mostra uma evolução dos sinais egípcios, em direção a um sistema de escrita completo.
O que ela significa?
- O pássaro, o falcão, é um símbolo da realeza. Aqui, portanto, ele representa Narmer;
- Pode-se notar a cabeça de um homem. Ele está sendo seguro pelo nariz. Não é muito difícil concluir que se trata de uma pessoa subjugada. No caso, de um prisioneiro.
Podemos descobrir a primeira informação: o rei tem um prisioneiro.
- Agora, note as imagens que saem das costas do prisioneiro. Elas são a representação de uma planta que, durante toda a história egípcia, teve o significado do número mil.
A informação, agora, está completa: o rei capturou 6 mil inimigos.
Gradualmente, a escrita hieróglifica foi evoluindo. No chamado Antigo Império, muitos dos elementos da escrita pictográfica ainda permaneciam.
Foi no Médio Império que a escrita hieroglífica atingiu o seu auge. Por isso, é chamado de "egípcio clássico" pelos historiadores. É o momento em que a língua egípcia e escrita hieroglífica alcançaram o apogeu, com textos em diversas áreas do conhecimento.
A partir do Novo Império, a língua egípcia mudou. E, com ela, sua escrita. Aparece o hierático, um sistema de escrita adaptado à esta nova língua egípcia.
O hierático.
Você vai encontrar, em muitos lugares - em livros didáticos de História, por exemplo - que o hierático é uma espécie de "hieróglifos em letra cursiva". E isto não está correto. O hierático tem muitas semelhanças com os hieróglifos, é claro. Afinal, descende dele. Mas é um sistema de escrita diferente, para uma língua diferente. A línga egípcia havia mudado; e, com ela, o seu sistema de escrita.Ou seja, a partir do Novo Império, os hieróglifos não representam mais a língua egípcia. Porém, foram mantidos, como respeito à tradição. E seu uso era reservado a templos e descrições de fatos da realeza.
Mas as mudanças da língua e da escrita egípcia não pararam por aí. Ao hierático seguiu-se o demótico - também uma nova escrita associada a uma nova língua. E, já na fase final da história do antigo Egito, aparece o Copta - uma língua derivada do antigo egípcio, mas escrita com caracteres gregos (aliás, é uma língua ainda falada em rituais litúrgicos da Igreja Cristã Copta).
A escrita utilizada pelos egípcios é tradicionalmente assim esquematizada:
- Egípcio Antigo (IV milênio: enunciados, relativa aos títulos dados aos soberanos, administrativa e econômica);
- III din. (cerca de 2700 a. C.; frases compostas);
- V din. (2.500 a. C.; Textos das pirâmides, a última no túmulo de Ibi – VIII din., cerca de 2200 a.C. ao sul de Saqqara);
- Autobiografias de indivíduos;
- Médio egípcio (a partir do final do terceiro milênio até a metade da XVIII dinastia; escrita sacralizada para durar para a eternidade, Textos dos sarcófagos);
- Neo egípcias (entre Amenhotep IV - Akhenaton - 1364 a.C. até ao final do IIIPeríodo Intermediário, cerca de 700 a.C.; alguns documentos administrativos e privados, período raméssida e Hino a Aton);
- Demótico, introduzido por Psammetico I, em 664 a.C.;
- Copta (século II d.C., foram adicionadas cerca de 2.000 palavras gregas, conjunções e palavras eclesiásticas.
O tema da próxima aula será: a decifração dos hieróglifos.
Até lá.
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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
O papiro matemático de Rhind
A matemática egípcia, como você deve saber, era bastante desenvolvida. Era a ferramenta básica para construções como pirâmides e outros templos - necessária, também, para questões mais cotidianas, como inventário de bens, cálculo de enchentes ou da produção de grãos.
O papiro de Rhind datado de cerca de 1150 a.C. é um dos melhores registros de que dispomos sobre o que se pode chamar de "teoria matemática" dos egípcios.
Escrito em hierático, era usado para treinar escribas, e contém 84 diferentes cálculos. Neil MacGregor, diretor do Museu Britânico, olha para as primeiras experiências do homem com os números e descobre como "a compreensão da matemática dos egípcios lhes permitiu construir uma máquina do Estado, capaz de administrar os suprimentos de comida e ainda calcular os níveis de inundação do Nilo."
Parte deste texto, bem como a imagem, fazem parte de uma série da BBC: "Uma história do mundo em 100 objetos". Saiba mais clicando aqui.
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O papiro de Rhind datado de cerca de 1150 a.C. é um dos melhores registros de que dispomos sobre o que se pode chamar de "teoria matemática" dos egípcios.
Escrito em hierático, era usado para treinar escribas, e contém 84 diferentes cálculos. Neil MacGregor, diretor do Museu Britânico, olha para as primeiras experiências do homem com os números e descobre como "a compreensão da matemática dos egípcios lhes permitiu construir uma máquina do Estado, capaz de administrar os suprimentos de comida e ainda calcular os níveis de inundação do Nilo."
Parte deste texto, bem como a imagem, fazem parte de uma série da BBC: "Uma história do mundo em 100 objetos". Saiba mais clicando aqui.
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terça-feira, 26 de dezembro de 2017
Livros
Quais livros comprar? Se você tem real interesse em aprender hieróglifos egípcios, certamente já se fez esta questão. Com um cartão de crédito e uma vista ao site da Amazon, você tem acesso aos principais livros egípcios.
Bem, aqui vão algumas dicas.
A primeira: fique longe dos livros do Budge (Sir E. A. Wallis Budge). Embora tenha sido muito importante para a divulgação da egiptologia, seus livros contém muitos erros (são ultrapassados, pois foram escritos no século XIX) e mais atrapalham que ajudam.
Há um dicionário de hieróglifos, muito caro, do Budge, que é relativamente comum de se encontrar. Este dicionário, em particular, é uma desgraça.
Chega de falar das coisas ruins. Vamos falar das coisas boas.
Primeira sugestão: How to read egyptian hieroglyps, de Mark Collier e Bill Manley (clique aqui para ver o livro na Amazon). Adoro este livro. Ele tem uma abordagem bastante prática - não fica trabalhando detalhes da gramática antes de colocar você para trabalhar diante de textos da época.
Logo nos primeiros capítulos você se vê diante de estelas, papiros e murais, originais, para traduzir. Na minha opinião, o melhor começo.
Se o inglês não for seu forte, há uma versão em espanhol deste livro. Você encontra na Amazon aqui.
Segunda dica: Middle Egyptian: An Introduction to the Language and Culture of Hieroglyphs de James P. Allen.
Este livro é utilizado pela maioria das universidades americanas que ensinam hieróglifos. E há uma boa razão para isso: o livro é didático, divertido e relativamente profundo. Se você estudá-lo, sairá como um razoável leitor/escritor de hieróglifos. Aqui está o link para o livro na Amazon.
Terceira dica: Egyptian Grammar: Being an Introduction to the Study of Hieroglyphs de Sir Alan Gardiner. É o livro dos livros.
Bastante sério e profundo, sem deixar de ser didático. É um estudo mais completo da gramática egípcia, procurando abordar muito de seus detalhes. Clique aqui e compre-o na Amazon.
Para uma primeira compra, sugiro o livro de Collier e Manley. Se você tiver dinheiro sobrando, adquira os três, e vá lendo-os calmamente. São livros para uma vida de estudos.
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Bem, aqui vão algumas dicas.
A primeira: fique longe dos livros do Budge (Sir E. A. Wallis Budge). Embora tenha sido muito importante para a divulgação da egiptologia, seus livros contém muitos erros (são ultrapassados, pois foram escritos no século XIX) e mais atrapalham que ajudam.
Há um dicionário de hieróglifos, muito caro, do Budge, que é relativamente comum de se encontrar. Este dicionário, em particular, é uma desgraça.
Chega de falar das coisas ruins. Vamos falar das coisas boas.
Primeira sugestão: How to read egyptian hieroglyps, de Mark Collier e Bill Manley (clique aqui para ver o livro na Amazon). Adoro este livro. Ele tem uma abordagem bastante prática - não fica trabalhando detalhes da gramática antes de colocar você para trabalhar diante de textos da época.
Logo nos primeiros capítulos você se vê diante de estelas, papiros e murais, originais, para traduzir. Na minha opinião, o melhor começo.
Se o inglês não for seu forte, há uma versão em espanhol deste livro. Você encontra na Amazon aqui.
Segunda dica: Middle Egyptian: An Introduction to the Language and Culture of Hieroglyphs de James P. Allen.
Este livro é utilizado pela maioria das universidades americanas que ensinam hieróglifos. E há uma boa razão para isso: o livro é didático, divertido e relativamente profundo. Se você estudá-lo, sairá como um razoável leitor/escritor de hieróglifos. Aqui está o link para o livro na Amazon.
Terceira dica: Egyptian Grammar: Being an Introduction to the Study of Hieroglyphs de Sir Alan Gardiner. É o livro dos livros.
Bastante sério e profundo, sem deixar de ser didático. É um estudo mais completo da gramática egípcia, procurando abordar muito de seus detalhes. Clique aqui e compre-o na Amazon.
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